BOEMIO
DEMODÊ
PAULO
VINÍCIUS
COMPOSITOR:
ADELINO MOREIRA
PAÍS:
BRASIL
ÁLBUM: BIS
CANTORES DE RÁDIO
GRAVADORA:
EMI MUSIC
GÊNERO:
SERESTA
ANO: 2000
Os
versos de "Boêmio Demodê”, composição eternizada por Nelson Gonçalves,
pertencem a um friburguense que fez história no mundo da música. Neles, Paulo
Rodriguez da Silva, o Paulo Vinícius, parecia prever a decadência da seresta,
gênero musical que nasceu a partir da serenata. "Eram verdadeiras
declarações de amor. Hoje em dia, infelizmente, não existem mais composições
como esta”, lamenta.
Aos
75 anos, o músico ainda guarda na memória as lembranças da época, as letras das
canções e o glamour da carreira. O amor pela música surge ainda na infância,
quando utilizava o bambu para produzir sons sobre a pele, e brincava de banda
com os amigos. A música deixou de ser um hobby e se tornou profissão após a
gravação do primeiro disco, ainda de 78 rotações. "Eu tinha um violão
branco, e certa vez eu estava sentado na sala de espera para fazer um teste na
gravadora Odeon. Tive sorte que, nesta tarde, a porta dos artistas se abriu, e
um homem saiu lá de dentro para pedir um violão emprestado. Eu o acompanhei
junto a um cantor que iria gravar o primeiro long play. Quando ele terminou de
passar as músicas, disse que eu tinha pinta de seresteiro. Respondi que era e
gostava bastante.”
Ao
cantar um trecho de uma das músicas gravadas por Nelson Gonçalves, Paulo
despertou a atenção do diretor artístico Valdeno Nunes, e foi convidado para
gravar no dia seguinte. "Quando cheguei lá, o contrato estava pronto para
assinar. Eu nem acreditei que era verdade”, conta emocionado.
"Nasce”
o Paulo Vinícius
Vou fazer uma
seresta,
Moderninha como quê,
Misturar os
tratamentos,
Juntar o tu com você,
Eu não quero que me
chamem,
Um boêmio demodê.
Com acordes dissonantes,
Sem marquise e sem
calçada,
Sem culto de mulher
amada,
Na penumbra do
balcão,
Seresta ultra
moderna,
Sem viola e violão.
Minha seresta,
Não terá pinga na
rua,
Não terá luar nem
lua,
E nem lampião de gás,
Porque a lua,
Nesses tempos
agitados
Já não é dos
namorados,
Romantismo não tem
mais.
Minha seresta,
Nesta era espacial,
Vai se tornar
imortal,
Na voz daquele ou
daquela,
Minha seresta,
Vai ganhar placa de
bronze,
Pois nem mesmo Apolo
onze,
É mais moderno que
ela.