MARIA DO FUTURO

TAIGUARA
COMPOSITOR: TAIGUARA
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: VIAGEM/LP
GRAVADORA: ODEON
GÊNERO: GUARÂNIA
ANO: 1970

          Taiguara Chalar da Silva (Montevidéu, 9 de outubro de 1945 — São Paulo, 14 de fevereiro de 1996) foi um cantor, compositor e instrumentista radicado brasileiro. Taiguara nasceu em Montevidéu, no Uruguai, em 1945, durante uma temporada de espetáculos de seus pais, o bandoneonista e maestro Ubirajara Silva e sua mãe, Olga Chalar, também uruguaia, cantora de tango.
                 Radicado no Brasil, estabeleceu seu nome na Música Popular Brasileira, junto a nomes como Chico Buarque e Toquinho, após participar, ser finalista e ganhar uma série de festivais nos anos 1960, lançando álbuns com canções que marcaram sua primeira fase, como "Helena, Helena, Helena" e "Hoje", nos álbuns Taiguara! (1965) e Taiguara (1968). Nos anos 1970, lançou Viagem (1970), Carne e Osso (1971), Piano e Viola (1972) e Fotografias (1973). Entretanto, foi o artista mais censurado no Brasil durante o período do regime militar (1964-1985), tendo mais de sessenta músicas censuradas entre os anos de 1972 e 1973, impedindo-o de gravar ou reproduzir uma série de composições. Um de seus álbuns, Let The Children Hear The Music, foi gravado no exterior mas censurado mesmo assim, impedindo seu lançamento. Em 1975 retorna ao Brasil após breve autoexílio, quando grava o icônico Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara - que acaba sendo recolhido das lojas pela polícia.
             Após mais extenso exílio, na Europa e em África, volta ao Brasil em princípios dos anos 1980, após a anistia, quando retoma carreira, com shows atravessando os anos 1990 e dois álbuns, mais ativos politicamente e com letras de música também mais politizadas, Canções de Amor e Liberdade (1983) e Brasil Afri (1994). Morre em São Paulo, no ano de 1996, vítima de câncer.
                 Viagem é o sexto álbum de estúdio do cantor, compositor e instrumentista brasileiro Taiguara, lançado no formato LP em 1970, no Brasil. O álbum conta com a participação especial do grupo brasileiro de rock progressivo Som Imaginário, na época composto por Zé Rodrix, Frederico Mendonça, Tavito (Luís Otávio), Wagner Tiso (que viria a produzir anos depois o álbum Imyra, Tayra, Ipy, de Taiguara), Luiz Alves e Robertinho Silva.
        Viagem foi relançado em CD em 1997 pela gravadora EMI na série "Portfolio", em conjunto com os álbuns Carne e Osso (1971) e Piano e Viola (1972). Foi novamente relançado em CD em 2003 pela gravadora EMI, desta vez, em edição própria
        aS Faixas deste disco foram quase todas compostas por TAIGUARA.
            “Todas as canções escritas e compostas por Taiguara, exceto quando referenciado...”

Duna branca, lua imensa, Maria deita
nua e branda como as nuvens que a lua enleita.
Duas tranças, uma flor e Maria enfeita
suas mansas curvas cheias que a areia aceita.
 
Era noite de verão,
vi o amor nascer num sorriso seu.
O luar me convidou,
o mar nos temperou e ela me envolveu...
 
Nessa rede ela prendeu
minha dor civil, minha solidão.
Nessa rede eu vi nascer minha liberdade.
 
Tua rede, minha sede,
e o amor te trouxe...
Quero ver o mar salgando teu seio doce...
E em cadeias de amor puro
viver guardado...
Joga areias do futuro no meu passado.

CASACO MARROM

EVINHA
COMPOSITORES: DANILO CAYMMI; RENATO CORREA & GUTTEMBERG GUARABYRA
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: EVA 2001
GRAVADORA: UNIVERSAL MUSIC GROUP
GÊNERO: BOSSA NOVA
ANO: 1969
 
             Eva Correia José Maria, mais conhecida como Evinha (Rio de Janeiro, 17 de setembro de 1951), é uma cantora brasileira. Irmã de Ronaldo, Roberto e Renato, integrantes do grupo Golden Boys, e de Mario, Regina e Mariazinha, integrantes do Trio Esperança.
         De 1961 até 1967 era integrante do Trio Esperança. Em 1968, deixou o grupo e gravou Cantiga por Luciana, que seria campeã do 4º Festival Internacional da Canção.
        Iniciou sua carreira artística em 1961, como integrante do Trio Esperança, ao lado dos irmãos Mário e Regina. Gravou, com o grupo, os LPs Nós Somos o Sucesso (1963), Três Vezes Sucesso! (1964), A Festa do Bolinha (1966), A Festa do Trio Esperança (1967) e O Fabuloso Trio Esperança (1968).
             Em 1968, desligou-se do grupo para começar sua carreira solo.
             Em 1969, participou do IV Festival Internacional da Canção, classificando "Cantiga por Luciana" (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós) em 1º lugar nas fases nacional e internacional do evento. Nesse mesmo ano, gravou seu primeiro disco solo, Eva 2001.
Na década de 1970, lançou os LPs Eva (1970), Evinha (1973) e Eva (1974). Destacou-se com as gravações de "Teletema" (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar), "Que Bandeira" (Marcos e Paulo Sérgio Valle), "Como Vai Você" (Antônio Marcos) e "As Canções que Você Fez pra Mim" (Roberto e Erasmo Carlos), entre outros sucessos.
              Atuou em gravações de diversos artistas.
            Em 1977, participou de um disco de Paul Mauriat, cantando músicas brasileiras. Em seguida, seguiu em turnê pelo Japão e pela China, como crooner da orquestra do maestro. Casou-se com Gerard Gambus, pianista da orquestra, fixando residência em Paris (França).
           Na década de 1990, voltou a se apresentar no exterior com as irmãs Marisa e Regina, em nova formação do Trio Esperança, com o qual gravou os discos A Capela do Brasil, Segundo e Nosso Mundo.
           Em 1999, lançou o CD Reencontro, regravando antigos sucessos como "Cantiga por Luciana" (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), "Teletema" (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar) e "Casaco Marrom" (Danilo Caymmi, Gutemberg Guarabyra e Renato Corrêa), entre outros. Ainda nesse ano, esteve no Brasil, apresentando-se no Teatro Rival (RJ), depois de 20 anos de ausência dos palcos brasileiros.
            Em 2005, apresentou-se no Bar do Tom (RJ), ao lado dos Golden Boys, com o show A Festa da Jovem Guarda Continua.
Eu vou voltar aos velhos tempos de mim
Vestir de novo o meu casaco marrom
Tomar a mão da alegria e sair
Bye bye Cecy, “nous allons”
 
Copacabana está dizendo que sim
Botou a brisa à minha disposição
A bomba H quer explodir no jardim
Matar a flor em botão
Eu digo que não
Olhando a menina
De meia estação
Alô coração,
Alô coração, alô coração
 
Eu vou voltar aos velhos tempos de mim
Vestir de novo o meu casaco marrom.

SAMBA SEM BALANÇO

JOHNNY ALF
COMPOSITOR: VERA BRASIL
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: BOSSA NOVA
GRAVADORA: ROSENBLIT
GÊNERO: BOSSA NOVA
ANO: 1965
 
             Johnny Alf, nome artístico de Alfredo José da Silva (Rio de Janeiro, 19 de maio de 1929 — Santo André, 4 de março de 2010), foi um compositor, cantor e pianista brasileiro. Considerado um dos pais da Bossa Nova, influenciou nomes como João Gilberto, Tom Jobim e Luiz Bonfá.
              Perdeu o pai, cabo do exército, aos três anos de idade. Sua mãe trabalhava em casa de uma família na Tijuca e o criou sozinha. Seus estudos de piano começaram aos nove anos, com Geni Borges, amiga da família para a qual sua mãe trabalhava. Os empregadores de sua mãe pagaram as aulas de piano, mas desaprovaram sua posterior carreira nas boates.
              Após o início na música erudita, começou a se interessar pela música popular, principalmente trilhas sonoras do cinema norte-americano e por compositores como George Gershwin e Cole Porter. Aos 14 anos, formou um conjunto musical com seus amigos de Vila Isabel, que tocavam na praça Sete (atual praça Barão de Drummond). Estudou no Colégio Pedro II. Entrando em contato com o Instituto Brasil-Estados Unidos, foi convidado para participar de um grupo artístico. Uma amiga americana sugeriu o nome de Johnny Alf.
                Em 1949, ingressou no Sinatra-Farney Fan Club, voltado para a música de Frank Sinatra e Dick Farney. Em 1952, Dick Farney e Nora Ney o contratam como pianista da nova Cantina do César, de propriedade do radialista César de Alencar, iniciando assim sua carreira profissional. Mary Gonçalves, atriz e Rainha do Rádio, estava sendo lançada como cantora, e escolheu três canções de Johnny: Estamos sós, O que é amar e Escuta para fazerem parte do seu longplay Convite ao Romance.
               Foi gravado seu primeiro disco em 78 rpm, com a música Falsete de sua autoria, e De cigarro em cigarro (Luís Bonfá). Tocou nas boates Monte Carlo, Mandarim, Clube da Chave, Beco das Garrafas, Drink e Plaza. Duas canções se destacaram neste período: Céu e mar e Rapaz de bem (1953), ambas de melodia e harmonia consideradas revolucionárias, precursoras da bossa nova.
               Em 1955 foi para São Paulo, tocando na boate Baiuca e no bar Michel, com os iniciantes Paulinho Nogueira, Sabá e Luís Chaves. Em 1962 voltou ao Rio de Janeiro, se apresentando no Bottle's Bar, junto com o conjunto musical Tamba Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas e Sylvia Telles. Apresentava-se no Litlle Club e Top, o conjunto formado por Tião Neto (baixista) e Edison Machado (baterista).
           Em 1965 realizou uma turnê pelo interior paulista. Tornou-se professor de música no Conservatório Meireles, de São Paulo. Participou do III Festival da Música Popular Brasileira em 1967, da TV Record - Canal 7, de São Paulo, com a música Eu e a brisa, tendo como intérprete a cantora Márcia (esposa de Silvio Luiz). A música foi desclassificada, porém se tornando um dos maiores sucessos de sua carreira.
            Em seus últimos anos de vida Johnny raramente se apresentava, em razão de problemas de saúde. Esteve apenas na abertura das exposições dedicadas aos 50 anos da bossa nova na Oca, em 2008, e, em janeiro de 2009, no Auditório do SESC Vila Mariana, em São Paulo. Na mostra sobre os 50 anos da bossa nova, Alf teve um encontro virtual com nomes como Tom Jobim, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Stan Getz. O artista tocava piano com as projeções dos colegas, já mortos, para um filme que foi exibido ao longo do evento. Segundo o curador da mostra, Marcello Dantas, Johnny Alf foi "o caso clássico do artista que não teve o reconhecimento à altura de seu talento. Alf foi um gênio e teve participação na história da nossa música".
                 O compositor não tinha parentes. Vivia em um asilo em Santo André. Seu último show foi em agosto de 2009, no Teatro do Sesi, em São Paulo, ao lado da cantora Alaíde Costa.
            Faleceu aos 80 anos no hospital estadual Mário Covas, em Santo André (SP), onde, durante três anos, se tratou de um câncer de próstata.
            Segundo o jornalista Ruy Castro, Johnny Alf foi o "verdadeiro pai da Bossa Nova". Tom Jobim, outro dos primeiros artistas da Bossa Nova, admirava Johnny Alf a ponto de apelidá-lo de "Genialf".

Samba sem Balanço
Coração parou
Tempo leve e traz
Faz que se desfaz
Para o vento no ar
Para onda no mar
 
Paro o som na canção
Tudo vai parar
Vamos esperar o amor que vai voltar
Pra de novo balançar
Vento no ar
Onda no mar
Som na canção
Do coração.

DISCUSSÃO

SYLVIA TELLES
COMPOSITOR: ANTONIO CARLOS JOBIM
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: AMOR DE GENTE MOÇA
GRAVADORA: BRAZILIAN CLASSIC
GÊNERO: BOSSA NOVA
ANO: 1959
 
            Sylvia D'Atri Telles (Rio de Janeiro, 27 de agosto de 1934 — Maricá, 17 de dezembro de 1966), conhecida simplesmente por Sylvia Telles, foi uma cantora e compositora brasileira, de ascendência francesa e portuguesa, considerada uma das maiores intérpretes da bossa nova e da MPB.
            A maioria de seus discos está fora de catálogo, o que dificulta o seu conhecimento pelas gerações recentes. Porém, ocasionalmente é lançada uma compilação com algumas de suas inúmeras gravações.
        Segundo matéria publicada em O Globo e assinada por João Máximo, "Sylvinha foi uma das melhores intérpretes da moderna música brasileira, entendendo-se como tal a que vai de Ponto final – com Dick Farney e Amargura, com Lúcio Alves, até as canções que Tom e Vinicius fizeram depois de Orfeu da Conceição".
           Sylvia era filha da parisiense Marie Amélie D'Atri e do carioca Paulo Telles, um grande apreciador da música clássica. Seu irmão mais velho, Mário Telles, também atuava com música.
             Ela estudou no Colégio Sagrado Coração de Maria e sonhava se tornar bailarina, mas, ao realizar um curso de teatro, descobriu que seu talento era realmente cantar.
               Em 1954, Billy Blanco, amigo da família, notou o dom de Sylvinha, seu apelido carinhoso, e apresentou-a a amigos músicos. Nas reuniões que eles faziam, pôde conhecer os grandes nomes do rádio da época, tais como Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, que a ajudou a encontrar trabalho em boates para o início de sua carreira profissional. Nessa época, conheceu seu primeiro namorado, o cantor e violonista João Gilberto, amigo de Mário; o relacionamento acabou porque a família Telles não gostava do jovem, que vivia de favor na casa dos outros.
              No ano seguinte, o comediante Colé a convidou para participar de um musical, chamado Gente bem e champanhota, apresentado no Teatro Follies de Copacabana. Na ocasião, o músico e advogado José Cândido de Mello Mattos, o Candinho, acompanhou Sylvinha na canção Amendoim Torradinho, composta por Henrique Beltrão. Sylvia e Candinho se apaixonaram e iniciaram um relacionamento amoroso.
           A atuação de Sylvinha neste espetáculo chamou a atenção da gravadora Odeon, que a contratou como artista exclusiva. Em junho de 1955 ela gravou "Amendoim torradinho", faixa que obteve bastante destaque nas rádios e que a levou a ser premiada como Cantora revelação de 1955, prêmio outorgado pelo jornal O Globo.
            Sylvinha e Candinho casaram-se em 1955, após alguns meses de namoro. Em 1957 tiveram sua única filha, Cláudia Telles. Em 1956, ela e seu marido apresentaram pela TV Rio o programa Música e romance, recebendo como convidados Tom Jobim, Dolores Duran, Johnny Alf e Billy Blanco. Em 1958, o casal se separou.
             Ainda em 1958, o local de encontro dos músicos passou a ser o apartamento de Nara Leão, então com quinze anos de idade. Ronaldo Bôscoli, que frequentava as reuniões, atuava como produtor musical do grupo. Sylvia Telles, que já era um nome conhecido, foi então chamada para participar de um espetáculo no Grupo Universitário Hebraico, juntamente com Carlos Lyra, Roberto Menescal, entre outros. Foi neste show, "Carlos Lyra, Sylvia Telles e os seus Bossa nova", que a expressão "bossa nova" foi divulgada pela primeira vez.
Sylvinha Telles chegou a fazer turnês em outros países, como Estados Unidos, Suíça, França e Alemanha.
            Em 1960 Sylvia casou-se pela segunda vez em Las Vegas, com seu então noivo, o produtor musical Aloysio de Oliveira. O casal assinou a separação em 1964.

Se você pretende sustentar opinião
E discutir por discutir
Só prá ganhar a discussão
Eu lhe asseguro, pode crer
Que quando fala o coração
Às vezes é melhor perder
Do que ganhar, você vai ver
Já percebi a confusão
Você quer ver prevalecer
A opinião sobre a razão
Não pode ser, não pode ser
Prá que trocar o sim por não
Se o resultado é solidão
Em vez de amor, uma saudade
Vai dizer quem tem razão.