RECADO

LUCIANA MELO
COMPOSITOR: GONZAGUINHA
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: 6º SOLO
GRAVADORA: RADAR RECORDS
GÊNERO: MPB
ANO: 2011
 
            Luciana Mello Rodrigues de Oliveira (São Paulo, 22 de janeiro de 1979) é uma cantora  e compositora brasileira.
           Em 2005, após o contrato com a Universal chegar ao fim, Luciana decidiu não renová-lo após discordâncias dos rumos de sua carreira, uma vez que a cantora não se sentia mais à vontade em continuar cantando música pop e R&B e pretendia redirecioná-la para as raízes do samba e da MPB. Em 2007 Luciana lança seu quinto disco solo intitulado Nêga, gravado de forma independente pelo selo S de Samba, e mais uma vez com a produção de Jair Oliveira. O recém lançado álbum, além das músicas inéditas, possui regravações de “Galha do Cajueiro", de Tião Motorista; Lágrimas de Diamantes, de Paulinho Moska e O Samba me Cantou, de Jair Oliveira. Além disso, têm participações especiais de Gabriel, o Pensador, e Thalles Roberto, segunda voz da banda Jota Quest.
           Em janeiro de 2010 Luciana Mello uniu-se a Jair Oliveira e juntos lançam o DVD/CD do projeto 'O Samba Me Cantou', gravado em fevereiro de 2009, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Em 2017, seu álbum Na Luz do Samba foi indicado ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Álbum de Samba/Pagode.
             6º Solo é o sétimo álbum de estúdio da cantora Luciana Mello, lançado em 2011 pela Warner Music. O álbum contou com participação de seu pai Jair Rodrigues, na canção "Mentira", e a música "Couleur Café", foi interpretada por Luciana Mello com o cantor canadense Corneille. O álbum conta com canções de autoria de grandes compositores brasileiros como "Decolada", de Chico Cesar, "Tchau", de Jair Oliveira, além de também trazer o repertório "Recado", de Gonzaguinha, e "Se For para Mentir", de Arnaldo Antunes.

Se me der um beijo eu gosto
Se me der um tapa eu brigo
Se me der um grito não calo
Se mandar calar mais eu falo
Mas se me der a mão
Claro, aperto
Se for franco
Direto e aberto
Tô contigo amigo e não abro
Vamos ver o diabo de perto
 
Mas preste bem atenção, seu moço
Não engulo da fruta o caroço
Minha vida é tutano é osso
Liberdade virou prisão
Se é amor deu e recebeu
Se é suor só o meu e o teu
Verbo eu pra mim já morreu
Quem mandava em mim nem nasceu
 
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver
 
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver
 
E se tentar me tolher é igual
Ao fulano de tal que taí
Se é pra ir vamos juntos
Se não é já não tô nem aqui
 
Mas preste bem atenção, seu moço
Não engulo da fruta o caroço
Minha vida é tutano é osso
Liberdade virou prisão
Se é amor deu e recebeu
Se é suor só o meu e o teu
Verbo eu pra mim já morreu
Quem mandava em mim nem nasceu
 
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver (2X).

ÚLTIMA LÁGRIMA

SECOS E MOLHADOS
COMPOSITOR: JOÃO RICARDO
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: SECOS E MOLHADOSD(III)
GRAVADORA: PHILIPS
GÊNERO: POP PROGRESSIVO
ANO: 1978
 
             Secos & Molhados foi uma Banda Brasileira da  dècada de 1970 cuja formação clássica consistia de  Joâo Ricardo (vocais, violão e harmônica), Ney MatogrossO (vocais) e Gérson Conrad (vocais e violão). João havia criado o nome da banda sozinho em 1970 até juntar-se com as diferentes formações nos anos seguintes e prosseguir igualmente sozinho com o álbum Memória Velha(2000).
       No começo, as apresentações ousadas, acrescidas de um figurino e uma maquiagem extravagantes, fizeram a banda ganhar imensa notoriedade e reconhecimento, sobretudo por canções como "O Vira", "Sangue Latino", "Assim Assado", "Rosa de Hiroshima", que misturam danças e canções do folclore português como o vira com críticas à Ditadura Militar e a poesia de Cassiano Ricardo, Vinicius de Moraes, Oswald de Andrade, Fernando Pessoa, e João Apolinário, pai de João Ricardo, com um rock pesado inédito no país, o que a fez se tornar um dos maiores fenômenos musicais do Brasil da época e um dos mais aclamados pela crítica nos dias de hoje.
Seu álbum de estréia, Secos e Molhados I (1973), foi possível graças às tais performances que despertaram interesse nas gravadoras, e projetou o grupo no cenário nacional, vendendo mais de um milhão de cópias no país. Desentendimentos financeiros fizeram essa formação se desintegrar em 1974, ano do Secos & Molhados II, embora João Ricardo tenha prosseguido com a marca em Secos & Molhados III (1978), Secos e Molhados IV (1980), A Volta do Gato Preto (1988), Teatro? (1999) e Memória Velha (2000), enquanto Gérson continuou a tocar sozinho. Do grupo, Ney Matogrosso é o mais bem-sucedido em sua carreira solo, e continua ativo desde Água do Céu - Pássaro (1975).
           Os Secos & Molhados estão inscritos em uma categoria privilegiada entre as bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e então para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos 80. Seus dois álbuns de estréia incorporaram elementos novos à MPB, que vai desde a poesia e o glam rock ao rock progressivo, servindo como fundamental referência para uma geração de bandas underground que não aceitavam a MPB como expressão. O grupo continua a ganhar atenção das novas gerações: em 2007, a Rolling Stone Brasil posicionou o primeiro LP em quinto lugar na sua lista dos 100 maiores discos da música brasileira e em 2008 a Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative - Rock Iberoamericano o colocou na 97ª posição.
          Secos e Molhados (III) é o terceiro álbum da banda Secos & Molhados lançado em 1978, o disco já não conta com a formação original do grupo.
            Após o término da banda em 1974, João Ricardo lança o terceiro disco dos Secos & Molhados com Lili Rodrigues, Wander Taffo, Gel Fernandes e João Ascensão. O terceiro disco foi lançado, e mais um sucesso do grupo – o que seria o último de reconhecimento nacional, e único fora da formação original – "Que Fim Levaram Todas as Flores?", uma das canções mais executadas no Brasil naquele ano, o que trouxe o novo grupo de João Ricardo às apresentações televisivas.
Sigo sozinho
Bem devagar
Que estou com pressa
De chegar
Já faço parte
Parte menor
De um olho grande
Cego de vez
Prego uma peça,
Talvez
Ou faço pior
Digo uma asneira
É pecado
Não sei de que lado
Vou morrer
Vivo sorrindo
Morto de medo
Que a última chance
Vem cedo
Mas mesmo assim
A última lagrima
Não há de cair de mim. 

O RELÓGIO

OS MUTANTES
COMPOSITORES: OS MUTANTES
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: OS MUTANTES
GRAVADORA: POLYDOR RECORDS
GÊNERO: ROCK PSICODÉLICO
ANO: 1968
 
             Os Mutantes é uma Banda Brasileira de rOCK psicodélico formada durante o Movimento Tropicalista no ano de 1966, em São pAULO, por  Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Também participaram do grupo Liminha e Dinho Leme.
            A banda é considerada um dos principais grupos do rock brasileiro. Assim como grande parte dos grupos dos anos de 1960, Os Mutantes foram fortemente influenciados por The Beatles, Jimi Hendrix e Sly & the Family Stone. No entanto, os músicos brasileiros eram também mergulhados em sua cultura local, exercendo sua própria criatividade na utilização de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos, assim como era feito pelo quarteto de Liverpool e pelo grupo The Beach Boys. Nesse sentido, os Mutantes foram pioneiros na mescla do rock and roll com elementos musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a irreverência. Pois como Os Mutantes, passou a existir uma espécie de mistura da música estrangeira com a brasileira e a adição de novas ideias, com doses de experimentalismo, abrindo, assim, o caminho para o hibridismo musical.
              Os Mutantes iniciaram suas atividades em 1966, como um trio, quando se apresentaram no programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von da TV Record. O grupo foi batizado como Mutantes pelo próprio Ronnie Von, antes da estreia na TV. O grupo até então chamava-se Os Bruxos e a sugestão veio do livro O Império dos Mutantes, de Stefan Wul. O grupo logo se tornou um dos principais expoentes da nova MPB, influenciada pela Tropicália, até terminar em 1978, com apenas Sérgio Dias como integrante original. Ao longo destes doze anos foram gravados nove álbuns, sendo que dois deles - O A e o Z e Tecnicolor - foram lançados apenas na década de 1990. Foi nessa década que foi reconhecida no cenário do rock nacional e internacional a importância dos Mutantes como um dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e da história da música mundial. Em 2006, a banda se reuniu, sem Rita Lee ou Liminha, mas contando com a presença de Arnaldo Baptista e com Zélia Duncan nos vocais. No ano seguinte, Arnaldo e Zélia se desligaram da banda, que foi recomposta com outros músicos e continua a fazer shows sob a liderança de Sérgio Dias, único membro restante da formação original.
           Os Mutantes é o álbum de estreia da banda brasileira de tropicalismo homônima. Foi lançado em LP em junho de 1968 e reeditado em CD em 1992 e 2006 pela gravadora Polydor Records, sendo lançado nos EUA pela Omplatten Records e depois (em 2006) pela Universal Records. É considerado um dos mais importantes álbuns da história da música brasileira, por conter um som inovador para a época, misturando elementos da música brasileira com o rock psicodélico e experimental e usando de diversas técnicas de estúdio. Foi classificado em 9º lugar na lista da revista Rolling Stone dos 100 maiores discos da música brasileira.

Meu relógio parou
Desistiu pra sempre de ser
Antimagnético
Vinte e dois rubis
 
Eu dei corda e pensei
Que o relógio iria viver
Pra dizer a hora
De você chegar
 
Não andou e eu chorei
Dois ponteiros parados a rir
São à prova d'água
Vinte e dois rubis
 
Que vantagem eu levei
Em ter um relógio
Que é suiço ou inglês
Sem andar
 
A que horas você vai chegar?
E no mar me atirei
Com o relógio nas mãos eu pensei
Ele é à prova d'água
Vinte dois rubis.

ESTRELA DA TARDE

CARLOS DO CARMO
COMPOSITORES: ARY DOS SANTOS & FERNANDO TORDO
PAÍS: PORTUGAL
ÁLBUM: UMA CANÇÃO PARA A EUROPA
GRAVADORA: UNIVERSAL MUSIC PORTUGAL
GÊNERO: FADO
ANO: 1976
 
           Carlos do Carmo, nome artístico de Carlos do Carmo de Ascensão Almeida, COMIHGOM (Lisboa, 21 de dezembro de 1939 – Lisboa, 1 DE janeiro de 2021) foi um  cantor e intérprete de fado português.
             No início de 1990, sofreu um acidente durante um espetáculo em Bordéus, caindo do palco para a primeira fila da plateia, uma queda de uma altura equivalente a um andar, que o obrigou a uma longa recuperação. Em março de 1991, fez o seu regresso no Casino Estoril, apresentando um espectáculo intitulado Vim Para o Fado e Fiquei.
            Regressou à televisão, com um programa como o seu próprio nome — Carlos do Carmo — transmitido em mais de trinta emissões entre 1997 e 1998, onde conversa com diversos convidados, sobre temas que vão desde o Fado, à música em geral, mas também a outras vertentes artísticas.
              Em 2007, Carlos do Carmo apresentou, no Museu do Fado, um álbum intitulado À Noite, que reuniu textos inéditos de Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Maria do Rosário Pedreira, Júlio Pomar, Luís Represas, José Luís Tinoco e José Manuel Mendes, para as músicas de fados tradicionais da autoria de Armandinho, Joaquim Campos e Alfredo Marceneiro.
        Em 2010, juntou-se ao pianista e compositor Bernardo Sassetti para fazer o álbum Carlos do Carmo & Bernardo Sassetti, onde recriou canções marcantes de outros intérpretes, entre elas Cantigas do Maio (Zeca Afonso), Lisboa que amanhece (Sérgio Godinho), Porto sentido (Rui Veloso), Foi por ela (Fausto Bordalo Dias), Quand On N'a Que L'Amour (Jacques Brel) ou Gracias a la vida (Violeta Parra).
           Desde o início da década de 2000, numa relação próxima com as novas gerações do Fado, promoveu atuações conjuntas com novos fadistas. Foi o caso de Mariza; — Gala de Fado do Casino Estoril, a 8 de junho de 2004, por exemplo — ou Camané; concerto de encerramento das Festas de Lisboa, nos jardins da Torre de Belém, em 2006, por exemplo.
           Essas ligações seriam reforçadas com a edição, em 2014, do álbum Fado é amor, apresentado nesse ano no Coliseu dos Recreios, onde o fadista apresentou temas gravados com Camané, Mariza, Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco, Mafalda Arnauth, Ricardo Ribeiro, Marco Rodrigues, Raquel Tavares e Carminho.
         Anunciou em 7 de fevereiro de 2019 o fim de atuação em palcos. Os seus últimos concertos foram a 12 de outubro no Theatro Circo, a 2 de novembro no Coliseu do Porto e a 9 de novembro no Coliseu dos Recreios.
            Morreu em 1 de janeiro de 2021 no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, devido a um aneurisma.

Era a tarde mais longa de todas as tardes
Que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
Tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
Que a boca pedia
E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
Que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia. (Refrão)
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.
 
Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos noturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.
 
Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.
 
(Refrão)
Eu não sei, meu amor, se o que digo
É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto!