TIMONEIRO
PAULINHO DA VIOLA
COMPOSITORES: HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO & PAULINHO DA VIOLA
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: TIMONEIRO
GRAVADORA: BMG BRASIL LTDA.
GÊNERO: SAMBA
ANO: 2002
Paulo César Batista de Faria, mais conhecido como Paulinho
da Viola, (Rio de Janeiro, 12 de
novembro de 1942)
é um violonista,
cavaquinista,
bandolinista,
cantor
e compositor
de samba
e choro
brasileiro,
conhecido por suas harmonias sofisticadas e sua voz suave e gentil.
Filho mais velho do violonista
Benedicto Cesar Ramos de Faria, integrante da primeira formação do grupo de choro Época de Ouro,
Paulinho da Viola nasceu no bairro de Botafogo em 1942 e desde
pequeno gostava de ouvir choros e sambas. Assim, teve a oportunidade de conviver com grandes
chorões da época, como Pixinguinha, Jacob do
Bandolim e Dilermando Reis, entre outros, observando a
maneira de tocar dos músicos.
Embora o pai não desejasse que o filho se tornasse
músico, este, contudo, o convenceu a lhe dar um violão,
instrumento que começou a aprender a tocar sozinho, aos 15 anos e, logo depois
com o violinista Zé Maria, amigo da família, que o instruiu com o método de Matteo
Carcassi.
Paulinho da Viola no Projeto Seis e Meia, realizado no
Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, em 27 de dezembro de 1977. Programa
"É preciso cantar". Imagem do Fundo da Fundação Centro Brasileiro de
TV Educativa.
Ao mesmo tempo, começou a se envolver com carnaval
e organizou com um grupo de amigos o bloco carnavalesco Foliões da Rua Anália
Franco, para representar a rua onde morava sua tia Trindade, no bairro de Vila
Valqueire, na Zona Oeste do Rio, onde costumava visitar
aos fins de semana e tinha mais liberdade para sair à noite. Por essa época,
ingressou na ala de compositores da escola de
samba União de Jacarepaguá. Lá conheceu
sambistas como Catoni e Jorge Mexeu e, atuando como cavaquinista,
compôs em 1962
"Pode Ser Ilusão", um de seus primeiros sambas.
Pouco antes, logo após ter completado 19 anos, Paulinho
conseguiu seu primeiro emprego como contador
em uma agência bancária do centro do Rio e estudava economia.
Num dia de trabalho, viu Hermínio Bello de Carvalho, a quem
conhecia de vista dos saraus musicais na casa de Jacob do Bandolim, entrar no
banco para pagar uma conta e - depois de uma rápida conversa - o aconselhou a
abandonar a carreira enquanto era jovem. Paulinho atendeu um convite para
visitar o apartamento do poeta no Catete, que naquela época
era bastante frequentado por músicos, intelectuais e artistas diversos. Lá,
pôde ouvir pela primeira vez gravações de compositores como Anescar do Salgueiro, Carlos
Cachaça, Cartola, Elton
Medeiros, Nelson Cavaquinho e Zé Ketti
e também a ensaiar composições originais com Hermínio, um de seus primeiros
parceiros musicais e grande incentivador de sua carreira.
Ainda em 1963, Hermínio levou Paulinho para conhecer o Zicartola,
bar e restaurante fundado por Cartola e a Dona Zica na Rua da Carioca que se
convertera em um reduto de sambistas, chorões artistas, intelectuais e
jornalistas. Quando aparecia por lá, o jovem Paulinho acompanhava, no
cavaquinho ou no violão, compositores e intérpretes e também se apresentando
cantando músicas de outros autores e, após fazer um show com o compositor Zé
Ketti, foi incentivado pelo mesmo a cantar suas próprias músicas no Zicartola.
No ano seguinte, após ter acompanhado o cantor Ciro Monteiro
em uma canja no Zicartola, decidiu abandonar seu posto de bancário para se
dedicar exclusivamente à música. Também em 1964, seu primo Oscar
Bigode, que era diretor de bateria da Portela,
o convenceu a se mudar de escola de samba e o apresentou para a ala de
compositores da agremiação de Oswaldo Cruz, onde
Paulinho mostrou a primeira parte de um samba que fazia e que Casquinha, um dos compositores
portelenses, havia gostado e completado com a segunda parte, criando-se assim "Recado".
Já em 1965, participou do musical
"Rosa de Ouro", montado por Kléber Santos e Hermínio Bello de
Carvalho, que marcou o retorno de Araci Cortes
e lançou Clementina de Jesus, e que culminaram na
gravação do LP Rosa De Ouro Vol.1, pela Odeon.
Ainda naquele ano, o nome de Paulinho da Viola apareceu no LP Roda de Samba, da
Musidisc. Essa gravadora, a mesma onde Paulinho estava registrando seus sambas,
pediu para Zé Ketti organizar o conjunto A Voz do
Morro, composto por integrantes do conjunto Rosa de Ouro-Anescar do
Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson
Sargento e Paulinho - e acrescidos de Oscar Bigode, Zé Cruz e o
próprio Ketti. No processo de finalização desse álbum, um funcionário da
Musidic não gostou do nome “Paulo César” e, tendo conhecimento da anedota, o
jornalista Sérgio Cabral e Zé Ketti bolaram o nome
artístico Paulinho da Viola. Nesse primeiro disco, aparecem as composições "Coração
vulgar", "Conversa de malandro" e "Jurar com lágrimas".
No início de carreira Paulinho foi parceiro de nomes
ilustres do samba
carioca, como Cartola, Elton
Medeiros e Candeia, entre outros. Destaca-se como
cantor e compositor de samba, mas também compõe choros e é tido como um
dos mais talentosos representantes da chamada Música Popular Brasileira.
Torcedor do Vasco da Gama, participou do show comemorativo
dos 113 anos do clube, onde apresentou as músicas "Coração Leviano" e
"Foi um Rio que Passou em Minha Vida".
Não sou
eu quem me navega
Quem me
navega é o mar
Não sou
eu quem me navega
Quem me
navega é o mar
É ele
quem me carrega
Como
nem fosse levar
É ele
quem me carrega
Como
nem fosse levar
E
quanto mais remo mais rezo
P’ra
nunca mais se acabar
Essa
viagem que faz
O mar
em torno do mar
Meu
velho um dia falou
Com seu
jeito de avisar:
- Olha,
o mar não tem cabelos
Que a
gente possa agarrar
Não sou
eu quem me navega
Quem me
navega é o mar
Não sou
eu quem me navega
Quem me
navega é o mar
É ele
quem me carrega
Como
nem fosse levar
É ele
quem me carrega
Como
nem fosse levar
Timoneiro
nunca fui
Que eu
não sou de velejar
O leme
da minha vida
Deus é
quem faz governar
E
quando alguém me pergunta
Como se
faz p’ra nadar
Explico
que eu não navego
Quem me
navega é o mar
Não sou
eu quem me navega
Quem me
navega é o mar
Não sou
eu quem me navega
Quem me
navega é o mar
É ele
quem me carrega
Como
nem fosse levar
É ele
quem me carrega
Como
nem fosse levar
A rede
do meu destino
Parece
a de um pescador
Quando
retorna vazia
Vem
carregada de dor
Vivo
num redemoinho
Deus
bem sabe o que ele faz
A onda
que me carrega
Ela
mesma é quem me traz.