MEU SAPATO JÁ FUROU
CLARA NUNES
COMPOSITOR: ELTON MEDEIROS & MAURO DUARTE.
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: ALVORECER
GRAVADORA: EMI RECORDS
GÊNERO: SAMBA
ANO: 1974
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, mais
conhecida como Clara Nunes (Paraopeba,
12 de agosto
de 1942—Rio de Janeiro, 2 de abril
de 1983),
foi uma cantora
e compositora
brasileira,
considerada uma das maiores e melhores intérpretes do país. Foi considerada
pela revista Rolling Stone como a nona maior
voz brasileira e, pela mesma revista, quinquagésima primeira maior
artista brasileira de todos os tempos.
Pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos
e de seu folclore,
também viajou para muitos países representando a cultura
do Brasil. Conhecedora das músicas, danças
e das tradições africanas, ela se converteu a umbanda
e levou a cultura afro-brasileira para suas canções
e vestimentas. Foi uma das cantoras que mais gravaram canções dos compositores
da Portela,
sua escola de samba do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a
vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual
mulheres não vendiam discos. A cantora vendeu ao todo quatro milhões e
quatrocentos mil discos durante toda a sua carreira.
Mais jovem dos sete filhos (José, Maria, Ana Filomena,
Vicentina, Branca, Joaquim) do casal Manuel Pereira de Araújo e Amélia
Gonçalves Nunes, nasceu em uma família muito humilde do interior de Minas Gerais,
no distrito
de Cedro - à época pertencente ao município
de Paraopeba e depois esse distrito virou cidade e foi emancipado com o nome de
Caetanópolis,
onde viveu até os 15 anos.
Marceneiro na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, o pai
de Clara era conhecido como Mané Serrador e também era violeiro e participante
das festas de Folia de Reis. Mas Manuel faleceu vítima de atropelamento
em 1944. A mãe entrou em depressão, e faleceu de em 1948. Aos
seis anos, Clara, já órfã de pais, foi criada por sua irmã Maria, apelidada de
Dindinha, e por seu irmão José, conhecido como Zé Chilau. Naquela época, Clara
participava de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística. Lá também cantava ladainhas
em latim
no coro da igreja.
Segundo as suas próprias palavras, cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria
e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de
Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no
entanto, estilo próprio. Em 1952, ainda menina, venceu seu primeiro concurso de
canto organizado em sua cidade, interpretando "Recuerdos de Ypacaraí".
Como prêmio, ganhou um vestido azul. Aos 14 anos, para ajudar no sustento do lar, Clara
ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira, a mesma para a qual seu
pai trabalhara.
Em 1957 teve que se mudar às pressas para Belo
Horizonte. Foi morar com sua irmã Vicentina e seu irmão Joaquim, que
viviam na casa de uma tia paterna, por causa do assassinato de seu primeiro
namorado, cometido no mesmo ano por seu irmão, Zé Chilau, que queria defender a
honra da irmã, que estava sendo difamada por este rapaz, pois não aceitou o
término do relacionamento, e estava sendo alvo de comentários maldosos na sua
pequena cidade natal. Após o crime seu irmão ficou muitos anos foragido,
reaparecendo quando Clara já era famosa, e então ela pôde ajudá-lo a não ser
condenado pela justiça. Na capital mineira, trabalhava como tecelã em uma
fábrica de tecidos durante o dia inteiro, e à noite estudava o curso normal de
formação de professoras. Aos finais de semana, participava dos ensaios do coral
da igreja, no bairro Renascença, onde vivia com os irmãos,
primos e tios. Acabou se afastando do catolicismo, e junto de sua amiga de
infância Lalita, começou a frequentar centros espíritas de mesa branca, e
converteu-se ao kardecismo, onde conseguiu algumas cartas
psicografadas dos pais. Naquela época, conheceu o violonista
Jadir Ambrósio, conhecido por ter composto o
hino do Cruzeiro. Admirado com a voz da adolescente,
Jadir levou Clara a vários programas de rádio, como "Degraus da Fama",
no qual ela se apresentou com seu nome de batismo, Clara Francisca.
Em 1980, gravou o álbum "Brasil Mestiço", que
fez sucesso nas emissoras de rádio de todo o país com "Morena de
Angola"(composta por Chico Buarque), "Brasil Mestiço,
Santuário da Fé"(de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), "Peixe com
Coco"(de Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco), "Última
Morada"(de Noca da Portela e Natal) e "Viola de Penedo"(de Luiz
Bandeira). Ainda naquele ano, a cantora participou dos LPs "Cabelo de
Milho"(de Sivuca)
e "Fala Meu Povo"(de Roberto
Ribeiro), e viajou para Angola
representando o Brasil ao lado de Elba Ramalho,
Djavan,
Dorival
Caymmi e Chico Buarque, entre outros.
Gravou em 1981 o LP "Clara", com grande sucesso
para a música "Portela na Avenida"(de Mauro Duarte e Paulo César
Pinheiro), com a participação especial da Velha Guarda da Portela nesta faixa, e
estreou o show "Clara Mestiça"(dirigido por Bibi Ferreira).
Ainda naquele ano, a Odeon lançou uma coletânea intitulada "Sucesso de
Ouro".
Em 1982, a Odeon lançaria "Nação", o último
álbum de estúdio da cantora. O LP teve como destaques a faixa-título (de João Bosco, Aldir Blanc
e Paulo Emílio),
"Menino Velho"(de Romildo e Toninho), "Ijexá"(de Edil Pacheco),
"Serrinha"(de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) - uma homenagem dos
compositores à escola de samba Império Serrano e ao Morro da Serrinha, reduto
do jongo,
situadas em Madureira, subúrbio carioca. Ainda naquele ano, apresentou-se na Alemanha
ao lado de Sivuca e Elba Ramalho e participou do LP "Kasshoku",
lançado no Japão
pela gravadora Toshiba/EMI, gravando um especial para a emissora de TV NHK.
Meu sapato já furou
Minha roupa já rasgou
E eu não tenho onde morar
Meu dinheiro acabou
Eu não sei pra onde vou
Como é que eu vou ficar?
Eu não sei nem mais sorrir
Meu amor me abandonou
Sem motivo e sem razão
E pra melhorar minha situação
Eu fiz promessa pra São Luís Durão
Quem me vê assim deve até pensar
Que eu cheguei ao fim
Mas quando a minha vida melhorar
Eu vou zombar de quem sorriu de mim
Meu sapato já furou
Minha roupa já rasgou
E eu não tenho onde morar
Meu dinheiro acabou
Eu não sei pra onde vou
Como é que eu vou ficar?
Eu não sei nem mais sorrir
Meu amor me abandonou
Sem motivo e sem razão
E pra melhorar minha situação
Eu fiz promessa pra São Luís Durão.
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