O MESTRE-SALA DOS MARES
ELIS REGINA
COMPOSITORES: JOÃO BOSCO & ALDIR BLANC
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: LUZ DAS ESTRELAS
GRAVADORA: SOM LIVRE
GÊNERO: SAMBA
ANO: 1984
A música "O Mestre-Sala dos
Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composta nos anos 70, imortalizou
João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz o samba, seu monumento estará
para sempre "nas pedras pisadas do cais". O Vermelho reproduz,
abaixo, a homenagem ao "Almirante Negro" e seus companheiros.
Blanc conta que sua ida ao
Departamento de Censura, por causa da música, o marcou profundamente. De acordo
com ele, um sujeito O informou que ele estava substituindo, na letra de Mestre
sala dos mares, palavras como revolta e sangue, mas o problema não era aquele:
"O problema é essa história de negro, negro, negro...", disse o
censor. "Eu havia sido atropelado, não pelas piadinhas tipo tiziu, pudim
de asfalto etc, mas pelo panzer do racismo nazi-ideológico oficial",
relembra Aldir Blanc, contando que foi preciso "dar uma espécie de sacolejo
surrealista na letra para confundir. Metemos baleias, polacas, regatas e
trocamos o título para o poético e resplandecente “O Mestre-Sala dos Mares”.
Originalmente, o samba se chamava Almirante Negro ou Navegante Negro.
Há
muito tempo, nas águas da Guanabara
O
dragão do mar reapareceu
Na
figura de um bravo feiticeiro
A
quem a história não esqueceu
Conhecido
como navegante negro
Tinha
a dignidade de um mestre-sala
E
ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi
saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens
polacas e por batalhões de mulatas
Rubras
cascatas jorravam das costas dos santos
Entre
cantos e chibatas
Inundando
o coração do pessoal do porão
Que,
a exemplo do feiticeiro, gritavam então
Glória
aos piratas! Às mulatas! Às sereias!
Glória
à farofa! À cachaça! Às baleias!
Glória
a todas as lutas inglórias
Que
através da nossa história
Não
esquecemos jamais
Salve
o navegante negro!
Que
tem por monumento, as pedras pisadas do cais.
Mas
faz muito tempo...
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