BELA
CIGANA
JOÃO
NOGUEIRA & CLARA NUNES
COMPOSITORES:
IVOR LANCELOTTI & JOÃO NOGUEIRA
PAÍS:
BRASIL
ÁLBUM: VIDA
BOÊMIA
GRAVADORA:
UNIVERSAL MUSIC INTERNACIONAL LTDA.
GÊNERO:
SAMBA
ANO: 1978
João
Batista Nogueira Junior, mais conhecido como João Nogueira (Rio de Janeiro, 12
de novembro de 1941—Rio
de Janeiro, 5 de junho de 2000) foi um cantor e compositor
brasileiro.
Desde o início de sua carreira ficou conhecido pelo suingue característico de
seus sambas. É
pai do também cantor e compositor Diogo
Nogueira.
Filho
do advogado
e músico João Batista Nogueira e irmão da também compositora, Gisa Nogueira,
cedo tomou contato com o mundo musical. Logo, aprendeu a tocar violão e a
compor em parceria com a irmã.
João
Nogueira começou a compor aos quinze anos, fazendo sambas para o bloco
carnavalesco Labareda, do Méier, através do qual conheceu o músico Moacyr
Silva, dirigente da gravadora Copacabana, que o ajudou a gravar o samba Espere,
Ó Nega, em 1968. Mas ele apareceu na cena artística nacional quando no início
dos anos 70 emplacou o sucesso Das 200 Pra Lá, samba que defendia a política de
expansão de nossa fronteira marítima ao longo de 200 milhas da plataforma
continental. O samba assumiu as primeiras posições das paradas na voz de Eliana
Pittman e mereceu citação em reportagem da revista americana Time, pelo seu
tom nacionalista afirmativo. Funcionário da Caixa Econômica, João se viu às
voltas com certo patrulhamento, já que a bandeira das 200 milhas havia sido
levantada pelo governo militar. “Pensaram que eu tinha virado Dom
e Ravel”, brincou ele mais tarde. Seu primeiro disco foi um compacto
simples com Alô Madureira e Mulher Valente. Em 1969 Elizeth
Cardoso gravou seu Corrente de Aço, no disco Falou.
Se
no LP de 1974 ele reservara uma faixa para Noel Rosa, de quem gravou Gago
Apaixonado, neste ele gravaria Não Tem Tradução, reverenciando mais uma vez o
poeta da Vila, um dos três esteios de sua inspiração, ao lado de Geraldo
Pereira e Wilson Batista, dos quais recebeu as influências que explicavam seu
estilo de compor e cantar o samba – e aos quais dedicaria um LP inteiro (Wilson,
Geraldo e Noel, 1981, Polygram). O disco, contudo, seria lembrado por outros
sucessos, como Nó na Madeira(parceria com Eugênio Monteiro) e Mineira, uma
homenagem a Clara Nunes, parceria com P. C. Pinheiro, o marido da cantora. O
disco trazia ainda três parcerias com um jovem violonista de muito talento, que
se revelava ótimo compositor, Cláudio Jorge, com quem assinou três faixas do
disco (Samba da Bandola, Chorando Pelos Dedos e Pra fugir Nunca Mais). Ivor
Lancelotti, de quem João gravara o lindo samba-canção De Rosas e Coisas Amigas,
no disco de 1974, reaparecia com Seu Caminho Se Abre. Em 1979 ele introduziria
o parceiro no show João Nogueira Apresenta Ivor Lancelotti. Quando Diogo
Nogueira, seu filho, canta Espelho, faixa título do disco que João lançou João
Nogueira foi também um boleiro frustrado por uma contusão. (...)
Ele seguiria lançando discos de qualidade
(dezoito Ele
seguiria lançando discos de qualidade (dezoito álbuns solo no total) e
participaria de discos coletivos, como Clara Nunes–Com Vida(1995), no qual
dividiu as faixas com gente como Martinho da Vila, Roberto Ribeiro e Nana
Caymmi. E Chico Buarque da Mangueira(1998), disco em homenagem ao compositor,
que era enredo da escola naquele ano. Em 1995, com o maestro e pianista Marinho
Boffa, João gravaria um CD só com músicas desse mesmo Chico
Buarque de Hollanda, num trabalho de Almir Chediak com catorze canções,
dentro da segunda edição do projeto Letra e Música. O disco foi lançado com um
show no programa Seis e Meia do Teatro João Caetano. Ele participou também do
disco Esquina do Samba, gravado ao vivo em 2000 no botequim Pirajá, em São
Paulo, com Ivone Lara, Walter Alfaiate, Beth Carvalho, Moacyr Luz, Luiz Carlos
da Vila e outros. No mesmo ano participou de um disco da Velha Guarda da
Portela. Em 2009 foi lançado um DVD da participação de João Nogueira no
programa Ensaio, da TV Cultura de São Paulo.
Anda retira de cima
esse manto de medo
Abre essa mão que eu
vou revelar um segredo
Vou, meu irmão, lhe
ensinar beber água na fonte
Poder caminhar os
caminhos do monte
Aonde amanhã novo sol
vai nascer
É, nessa vida ninguém
foge porque tem medo
É justamente o contraio,
medrou quem fugiu
Vai meu irmão rasga
as folhas do teu samba-enredo
Desvia teus barcos
dos velhos rochedos
Mais tarde ou mais
cedo meu darás razão
E foi assim que me
disse a bela cigana
De brincos de ouro,
de porte de dama
De vida e de morte no
fundo do olhar
Leu minha mão e rezou
e levou meu dinheiro
Mas a tal cigana não
sabe, talvez
Tirou meu veleiro do
fundo do mar.
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