HOJE
QUEM PAGA SOU EU
NELSON
GONÇALVES
COMPOSITORES:
DAVID NASSER & HERIVELTO MARTINS
PAÍS:
BRASIL
ÁLBUM: O
TANGO NA VOZ DE NELSON GONÇALVES
GRAVADORA:
RCA VICTOR
GÊNERO:
TANGO
ANO: 1961
Nélson
Gonçalves, nome artístico de Antônio Gonçalves Sobral (Sant'Ana do Livramento, 21 de
junho de 1919 —
Rio
de Janeiro, 18 de abril de 1998), foi um cantor e compositor
brasileiro.
Segundo maior
vendedor de discos da história do Brasil, com mais de 79 milhões de cópias
vendidas até março de 1998, fica atrás apenas de Roberto
Carlos, com mais de 120 milhões. Foi também o artista que mais tempo ficou
em uma mesma gravadora: foram 59 anos com a RCA Victor/BMG Brasil. Seu maior
sucesso foi a canção "A Volta do Boêmio".
Nelson
é filho de dois imigrantes portugueses: Manoel
Gonçalvez Sobral (nascido em Trás-os-Montes
e trazido ao Brasil em 1902, aos 12 anos) e Libânia de Jesus (nascida em Viseu e trazida ao Brasil
em 1911, aos 17 anos). Ambos moravam inicialmente no Rio
de Janeiro, onde se conheceram, casaram-se e tiveram o primeiro filho,
Joaquim. Trabalhando no ramo dos tecidos,
decidem migrar para o sul do Brasil em 1918, buscando melhores
oportunidades, e se estabelecem em Sant'Ana do Livramento, no Rio
Grande do Sul, onde Nelson nasceu em 25 de junho de 1919.
Em
1926, mudou-se com seus pais para São Paulo,
mais precisamente para uma casa comprada na Rua Almirante Barroso no bairro do Brás (outra fonte diz que era alugada).
Matriculado
no Liceu Eduardo Prado, que equilibrava disciplinas tradicionais com uma
convivência com o mundo rural. Lá, Nelson sofreu bullying dos
colegas e golpes de palmatória da professora por sua dificuldade em falar. Num
desses castigos, sucumbiu à raiva e jogou um tinteiro na
professora, provocando sua expulsão.
Nesta
época, passou a ajudar seu pai no sustento do lar, acompanhando-o em praças e
feiras onde, enquanto o pai tocava violino, Nelson cantava, agradando os
transeuntes e ganhando gorjetas. Para sustentar a família, seu pai também
vendia frutas na feira e fazia serviços de pedreiro.
O
pai, em dado momento, deixou o trabalho com tecidos para a esposa e foi tentar
carreira musical, cantando fados em barbearias e bares. O dinheiro que ganhava, gastava em
bebida com seus colegas. Nelson às vezes o acompanhava nos vocais e Manoel
chegava até a se fingir de cego para sensibilizar os passantes.
Para
ajudar a sustentar o lar, Nelson trabalhou também como jornaleiro, mecânico,
engraxate,
polidor e tamanqueiro Querendo ganhar mais dinheiro e seguir uma profissão,
inscreveu-se em concursos de luta e venceu, tornando-se lutador de boxe na categoria
peso-médio, recebendo, aos dezesseis anos de idade, o título de campeão
paulista de luta. Após o prêmio, só ficou mais um ano lutando, pois queria
investir em seu sonho de infância: ser artista.
A
real motivação para aprender a boxear, contudo, foi uma vingança: numa certa
noite, envolveu-se em uma briga com um guarda de rua que praticava box e acabou
levando uma surra. Decidido a desafiá-lo para uma revanche, foi praticar a luta
antes em uma academia no Brás. O tal segundo embate não aconteceu, pois o
guarda abandonou os ringues enquanto Nelson ainda treinava. O cantor, contudo,
continuou praticando por dois anos.
Antigamente nos meus
tempos de ventura
Quando eu voltava do
trabalho para o lar
Deste bar alguém
gritava com ironia:
"Entra mano, o
fulano vai pagar"
Havia sempre alguém
pagando um trago
Pelo simples direito
de falar
Havia sempre uma
tragédia entre dois copos
Nas gargalhadas de um
infeliz a soluçar
Eu sabia que era um
estranho desse meio
Um estrangeiro na
fronteira desse bar
Mas bebia, outros
pagavam e eu partia
Para o mundo
abençoado do meu lar
Hoje, faço deste bar
a sucursal
Do meu lar que
atualmente não existe
Tenho minha história
pra contar
Uma história que é
igual, amarga e triste
Sou apenas uma sombra
que mergulha
No oceano de bebida,
o seu passado
Faço parte dessa
estranha confraria
Do vermuth, do
conhaque e do traçado
Mas se passa pela rua
algum amigo
Em cuja porta a
desgraça não bateu
Grito que entre neste
bar beba comigo
Hoje quem paga sou
eu!
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