A TONGA
DA MIRONGA DO KABULETÊ
VINICIUS DE MORAES & TOQUINHO
COMPOSITOR:
VINÍCIUS DE MORAES E TOQUINHO
PAÍS:
BRASIL
ÁLBUM: LA VITA È L’ARTE DELL’INCONTRO
GRAVADORA:
RCA RECORDS
GÊNERO:
BOSSA NOVA
ANO:1993
"A tonga da mironga do kabuletê" é uma canção escrita
pelo poeta Vinícius de Moraes e pelo músico Toquinho.
Na composição, os autores informam, que a expressão seria
uma espécie de xingamento no idioma nagô. Uma forma de protesto político,
afrontar os militares sem que eles tivessem consciência. Na época o Brasil era
governado por um regime militar e essa era a oportunidade de protestar sem que
os militares compreendessem. Essa supostamente significaria "o pêlo do
ânus da mãe".
De acordo com o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei
Lopes, estas palavras significam o seguinte: (1) tonga (do Quicongo),
"força, poder"; (2) mironga (do Quimbundo), "mistério,
segredo" (Houaiss acrescenta: "feitiço"); (3) cabuletê (de
origem incerta), "indivíduo desprezível, vagabundo" (também empregado
para designar um pequeno tambor que vai preso em um cabo, usado na percussão
brasileira).
"Tonga", segundo o Dicionário Aurélio, pode ser
uma palavra angolana para "terra a ser lavrada" ou "lavoura".
É, ainda samtomensismo depreciativo, a designar descendentes de lusos, ou de
serviçais, nascidos nas ilhas.
"Mironga" é, em candomblé e na macumba, "feitiço,
sortilégio, bruxedo".
"Cabuleté", no mesmo léxico, é "indivíduo
reles, desprezível, vagabundo".
A despeito do significado literal, a expressão foi
escolhida pelo poeta Vinícius de Moraes pela sua sonoridade, sem valor
semântico, mas com alto valor sugestivo. É uma inovação linguística que se
instalou na cultura popular brasileira.
Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do kabuletê (5x)
Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô
Você que lê e não sabe
Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe
Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do kabuletê (5x)
Lá, lá, lá, lá...
Você que fuma e não traga
E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga
Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do kabuletê...
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