O TEU
CABELO NÃO NEGA
LAMARTINE
BABO
COMPOSITOR: IRMÃOS VALENÇA
ADAPTAÇÃO E RENOMEAÇÃO: LAMARTINE BABO
PAÍS: BRASIL
ÁLBUM: CARNAVAL DE LAMARTINE BABO/VYNIL
GRAVADORA: SINTER
GÊNERO: MARCHINHA DE CARNAVAL
ANO: 1955
Mulata é o título original da marcha composta pelos Irmãos
Valença em 1929.
Conhecida e cantada nos bares do Recife, teve repercussão
nacional pelo lançamento feito por Lamartine Babo e pela ação judicial que
causou.
Os irmãos João e Raul Valença, autores conhecidos de frevos-canção
e maracatus no Carnaval de Pernambuco, enviaram à Gravadora Victor, no Rio de
Janeiro, a partitura de sua composição, denominada Mulata.
A gravadora pediu a Lamartine Babo que a ajustasse ao
gosto carioca. O compositor assim o fez, e a lançou com letra ligeiramente
modificada (o estribilho ficou intocado) e com o título de O teu cabelo não
nega, que era exatamente o primeiro verso da composição original. No selo do
disco então lançado estava escrito: "Letra e música de Lamartine Babo
(sobre motivo do Norte)".
Essa atitude levou os Irmãos Valença a entrar com ação
judicial contra a gravadora, ação vencedora em todas as instâncias, tendo a
gravadora sido obrigada a pagar indenização aos legítimos autores e adicionar
seus nomes na autoria da composição, ficando os mesmos com metade do arrecadado
com direitos autorais.
Uma vez que houve acréscimo de letra por Lamartine Babo,
a pedido da gravadora, os Irmãos Valença acederam e deixaram seu nome aparecer
como coautor. Porém, até hoje, os verdadeiros autores aparecem em segundo
lugar.
Em compasso binário, com letra cheia de gíria da capital pernambucana
na época de sua composição, foi baseada em uma mulata que passeava pelos bares
das cercanias da Avenida Guararapes. Falava em corrente da Trama, em
alusão à empresa Pernambuco Tramways, então concessionária de distribuição de
energia elétrica em Pernambuco.
Aproveitando toda sua melodia e o estribilho, Lamartine
Babo acrescentou-lhe estrofes com outro arranjo e a lançou no Rio de Janeiro
com o título de O teu cabelo não nega.
O teu
cabelo não nega, mulata
Porque
és mulata na cor
Mas
como a cor não pega, mulata
Mulata,
eu quero o teu amor
O teu
cabelo não nega, mulata
Porque
és mulata na cor
Mas
como a cor não pega, mulata
Mulata,
eu quero o teu amor
Tens
um sabor bem do Brasil
Tens
a alma cor de anil
Mulata,
mulatinha, meu amor
Fui
nomeado teu tenente interventor
O teu
cabelo não nega, mulata
Porque
és mulata na cor
Mas
como a cor não pega, mulata
Mulata,
eu quero o teu amor
Quem
te inventou, meu pancadão
Teve
uma consagração
A lua
te invejando faz careta
Porque,
mulata, tu não és deste planeta
Quando,
meu bem, vieste à Terra
Portugal
declarou guerra
A
concorrência, então, foi colossal
Vasco
da Gama contra o batalhão naval.
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